23 de dezembro de 2009

Um Natal diferente...



Este é o Paulo!
Um menino cheio de vida e muito, mas mesmo muito meiguinho.
O Paulo costumava dar-me beijinhos nas mãos tal como me faz a minha princesinha e sobrinha de 2 anos, a Benedita...
Ele vive no orfanato Casa Emanuel juntamente com os seus "irmãos".
Tal como todas as outras crianças ele tem gravado no seu rosto uma triste história de abandono.
Os motivos... não deveriam existir motivos para tamanha crueldade mas eles existem e são na maioria das vezes de ordem cultural ou religiosa.
A mim nunca me faltou o amor da minha família e esta época foi sempre sinónimo de união e vivida com muita alegria.
É por isso que neste Natal tenho o meu coração mais apertadinho mas também mais preenchido pois vai ser o primeiro Natal vivido depois da minha experiência de voluntariado na Guiné-Bissau.
Hoje tenho consciência de que há mesmo muito a fazer pelas crianças de todo o Mundo e pelos seus direitos.
No meu coração cabem agora mais de uma centena de crianças de uma terra que nunca tinha sonhado conhecer muito menos imaginado que algum dia iria lá viver.
É por elas e pelos seus direitos que vou continuar envolvida nestes projectos de ajuda humanitária nem que sirva apenas para transformar os seus rostos tristes em grandes sorrisos.


21 de dezembro de 2009

Uma vida com mais cor...


O meu grande e único pedido e desejo este Natal é que meninas como a doce Madona (na fotografia) tenham uma vida mais colorida e possam ter um futuro mais risonho...


Que possam brincar alegremente sem terem que trabalhar para ajudar as suas famílias, que possam sonhar com fadas e princesas e com um Mundo mais cor-de-rosa.


O meu desejo é que as deixem ser crianças.

18 de dezembro de 2009

Longe na distância... perto no amor





Nesta época do ano sentimos sempre um nó na garganta e um aperto no coração por não podermos estar ao pé de algumas das pessoas de quem mais gostamos.
É o que acontece comigo também...
As saudades dos "meus" meninos e meninas e de todos os que vivem no orfanato Casa Emanuel são gigantes e apesar de estar longe deles trago-os sempre no meu pensamento e dentro do coração.
É incrível como passaram a fazer parte do meu dia-a-dia, quer nos momentos em que estou dedicada à campanha e a tentar arranjar ajudas para enchermos o contentor com material hospitalar para enviarmos para a Guiné ou quando vejo os sorrisos dos meus sobrinhos ou de outra criança qualquer a brincar na rua.
Os sons, os cheiros, os sorrisos e todos os seus rostos ficaram para sempre gravados na minha memória e é lá que vão permanecer até eu entrar novamente por aquele portão vermelho, os reencontrar e de novo os abraçar...

16 de dezembro de 2009

A tão esperada visita à escola do Alentejo









Esta semana fomos finalmente entregar os trabalhos que fizemos com as crianças da Escola Comunitária Emanuel em Bissau, aos alunos da escola EB1 de Reguengos de Monsaraz no âmbito do  projecto de Intercâmbio Escolar.
Apesar do frio intenso que se fazia sentir, o sol esteve sempre presente e as crianças puderam brincar alegremente no recreio da escola.
Todo o nosso grupo de missionários, voluntários e crianças da Guiné-Bissau, foi carinhosamente recebido pelos professores, alunos e funcionários da escola, assim como pelo Presidente da Câmara Municipal, pelo Vice-Presidente e pela Vereadora.
Foi emocionante ver como todas aquelas crianças viveram este projecto e como reagiram aos vídeos, fotografias, desenhos e cartas que trouxemos da Guiné.
Este foi um primeiro passo para uma ligação entre os alunos de realidades tão diferentes como a de Portugal e a da Guiné-Bissau, que pretendemos que seja duradoura e que se fortaleça no futuro.

3 de dezembro de 2009

A pequena Djadja







A Djadja é uma das meninas do orfanato.
Uma menina um pouco tímida, meiga, doce mas com uma personalidade muito forte.
Uma criança a quem foi tirado o melhor que a vida nos pode dar nestas idades: o amor da mãe, do pai, da família...
Apesar de não ser órfã ela foi entregue na Casa Emanuel pelos seus familiares, que alegaram não poder tomar conta dela.
A Djadja pode, mas não recebe visitas... nunca.
A Djadja já poderia ter sido adoptada, por diversas vezes, mas a família não autoriza a sua adopção...
Esta menina ilustra bem a realidade de muitas das crianças que vivem no orfanato.
Crianças que são literalmente abandonadas à sua sorte e que só nesta instituição percebem a realidade do amor.
Crianças que poderiam ter um futuro mais sorridente mas que estão "presas" às tradições do seu povo, o mesmo que um dia não as quis...

Espero poder voltar a abraçá-la brevemente e rever o seu sorriso malandro.

2 de dezembro de 2009

Um dia imaginei encontrar amigos de quem já tinha saudades...





Esta semana pude "matar" algumas das muitas saudades que tenho da Guiné-Bissau e especialmente da Casa Emanuel.
Os meus queridos amigos missionários que lá vivem e que têm dedicado as suas vidas às crianças do orfanato, vieram passar umas semanas a Portugal.
Um descanso muito bem merecido...
São duas famílias maravilhosas e por quem eu tenho um grande carinho.
Vieram todos... as 7 crianças também.
Foi muito bom rever a Rose, a Ana, o Henrique e o Carlos.
E que bom poder abraçar a Larissa, o Samuel, a Carolina, a Hadassa, a Talita, a Rebeca e o Ruben.
Para mim estas famílias são um verdadeiro exemplo de coragem, de dedicação e de altruísmo, pelo amor que dão a tantas crianças da Guiné.

23 de novembro de 2009

Artistas de palmo e meio











Algumas das crianças do orfanato, como ainda não tinham idade para frequentar a escola, não podiam ir às aulas de Artes.
Com muita pena minha, confesso-vos... pois é com as mais pequeninas que eu adoro trabalhar.
Foram muitas as vezes que as vi ao fundo do jardim da escola, a espreitar e a tentar perceber o que é que se passava lá dentro.
Outras vezes via as suas pequenas cabecinhas por entre as cortinas azuis da sala de aulas numa tentativa de não serem descobertas.
Sim cortinas... para não deixar entrar as moscas e os mosquitos, um "luxo" que chegou num dos contentores de donativos e que com a ajuda do João penduramos num varão improvisado.
Foi por isso que decidi que ao Sábado levaria algumas destas crianças para a escola para que elas pudessem também usufruir deste cantinho mágico.
Os meus Sábados nunca mais foram os mesmos...

A nossa sala de Artes














Com a ajuda e o entusiasmo de todos a nossa pequena sala de Artes foi-se transformando e depressa fez jus ao nome que inicialmente lhe demos.
O que começou por ser uma sala branca pintada de fresco, vazia e sem alma foi ganhando vida e passou a ser o cantinho escolhido por muitas das crianças da escola para se expressarem livremente.
Cedo revelaram os seus dons de pequenos artistas e encheram o espaço de mil cores.
Por entre desenhos, origamis, cartazes, flores de papel, bijuteria e fantoches, foram nascendo divertidas histórias que eram encenadas no nosso teatrinho improvisado.
Os ateliers e actividades que costumo fazer com as crianças têm como principal objectivo desenvolver e estimular sentimentos, sensações, confiança, sensibilizar as crianças para as várias formas de expressão e comunicação, levando-as a dar largas à sua imaginação e à capacidade inata de criar.
Aqui na escola do orfanato consegui isso e muito mais...

17 de novembro de 2009

O berçário improvisado...








Quando cheguei ao orfanato a vontade de ajudar era tanta que nos primeiros dias nem sabia bem para que lado me virar...
As tarefas diárias são imensas e os adultos para as fazer são tão poucos que a toda a hora se tenta estabelecer prioridades.
Decidi seguir o meu instinto...
Um dos locais que desde o início me chamou logo a atenção foi o berçário improvisado que existe em casa da Mami Isabel. (nome pelo qual é conhecida entre as crianças)
A Mami é a mentora, impulsionadora e a principal responsável por este maravilhoso projecto e tem neste momento 158 filhos com idades compreendidas entre os poucos dias de vida e os 17 anos de idade.
Como qualquer mãe que se preze, a nossa querida Isabel faz questão de levar todos os bebés orfãos recém-nascidos e os que estão mais debilitados e doentes para sua casa, numa primeira fase para o seu quarto e mais tarde para um outro ao lado, para que ali eles estejam mais seguros e recebam toda a atenção necessária.
Com eles mais perto de si o seu coração de Mãe pode sossegar, pois o berçário dos órfãos já tem mais de 60 bebés um bocado maiorzinhos e como podem imaginar as funcionárias que trabalham no turno da noite não conseguem dar totalmente conta do recado.
Posso dizer-vos que me apaixonei de imediato por aquele cantinho da casa da Isabel e que a minha primeira tarefa como voluntária foi dar o leite aos bebés mais pequeninos.
Leite, colo e beijinhos, muitos beijinhos.
Uma ternura...